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Quem nos inspira: Lina Bo Bardi

Nessa onda de pesquisar sobre a Bauhaus e todo o movimento artístico que eles causaram, eu me lembrei da Lina.

Lina Bo Bardi foi uma profissional multidisciplinar mas seu principal ofício era o de arquiteta. Assim como os designers da Bauhaus, Lina não queria perpetuar aquela arquitetura clássica e elitista e dava muito mais valor ao artesanato de sua terra que não era considerado arte pelo fascismo da época.

Lina Bo Bardi no canteiro de obras do MASP

A Lina nasceu na Itália em 1914 e estudou arquitetura em Roma mas foi para Milão fugir dessa ideia de que só o antigo poderia ser considerado arte. Ela fez parte de coletivos e revistas de arte e arquitetura na época e sempre foi muito engajada politicamente tendo se filiado ao Partido Comunista Italiano que era contra a ocupação nazista na Itália.

Depois da guerra, Lina veio com o marido para o Brasil e decidiram se estabelecer por aqui. Ela dizia que era brasileira 2 vezes, pois abdicou de sua cidadania italiana e escolheu o Brasil como sua pátria.

Quando chegou aqui participou do projeto de alguns edifícios, criou revista, produziu móveis, telas e etc. Toda sua produção era sempre marcada pelo uso de materiais populares no Brasil como couro e chita em valorização ao artesanato local. Inclusive, muitos falam de seu projeto para o SESC Pompéia e da construção do MASP que, de fato, é um projeto icônico que colocou a cidade de São Paulo no roteiro das artes da América Latina mas, pessoalmente, acho que o restauro do Solar do Unhão em Salvador representa muito mais a Lina.

O conjunto do Solar do Unhão é uma construção de 1532 que teve diversas funções ao longo dos séculos e passou por um restauro na década de 1960 para abrigar o Museu de Arte Moderna da Bahia. O projeto feito pela Lina criava um método próprio de restauração que preservava o monumento e ao mesmo tempo o integrava à sociedade.

“A conservação de um monumento antigo não significa a conservação de uma vitrine de museu, mas a integração do antigo na vida de hoje. Neste sentido, um edifício não tem que ser isolado, monumentalizado, ao contrário tem que ser humanizado.” BO BARDI, Lina, “Crônicas de Arte, de história, de costume, de cultura da vida” (BARDI, 1958 apud ZOLLINGER, 2007)

Lina Bo Bardi é mais uma mulher que teve sua obra apagada durante muitos anos. Quando o MASP foi lançado, seu nome nem era citado nas reportagens. Lina ressurge no momento em que nomes globais, americanos e europeus, que serviam apenas ao capital financeiro deram lugar ao olhar humanista e preocupado com questões sociais, movimento causado por uma crise do capitalismo em 2008 que fez com que as pessoas fossem à procura de novas referências.

Hoje, o nome de Lina aparece em galerias de arquitetos premiados internacionalmente, existem diversas biografias sobre a arquiteta e sua obra inspira tantos outros profissionais, como nós!

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